sexta-feira, 27 de abril de 2012

» EXAGERADO EU SOU MESMO EXAGERADO

Hoje encontramos no site da revista VEJA um artigo muito interessante falando da vinda do Sonnen ao Brasil, bem como traçando seu perfil, apontando críticas "justas" e sensatas.

Decidimos, então, publicar este artigo para mostrar que somos fãs do Sonnen mas não somos CEGOS como diversas vezes já dissemos por aqui. Assim como todos, nós também achamos que ele peca nos exageros e diz coisas que não deveriam ser ditas, mas isso tudo tem razão de ser, conforme vocês poderão entender com o artigo o qual nos referimos. Além disso, para que todos possam perceber, que ao contrário dos fãs insanos do Andissu, nós aceitamos sim "críticas" desde que estas sejam pautadas pelo BOM SENSO.

Vale a pena ler e parabéns ao jornalista Davi Correia Vieira ( @davicorreia) 




O inimigo número um dos brasileiros no UFC desembarcou no Rio de Janeiro no início desta semana - e revelou um curioso caso de dupla personalidade. Famoso por repetir frases ofensivas ao país e aos ídolos do MMA (Anderson Silva e os irmãos Nogueira são os alvos preferidos), o americano Chael Sonnen, de 35 anos, foi solícito, simpático e gentil no contato pessoal com todos os brasileiros. Chegou ao hotel Windsor Barra cerca de duas horas antes do horário previsto para aentrevista coletiva em que foi anunciada a revanche contra Anderson, no dia 7 de julho, em Las Vegas. Vestindo jeans e camisa preta, acompanhado da namorada loira e escoltado por um batalhão de seguranças, não parecia preocupado com sua integridade física - tanto que distribuiu abraços e sorrisos para os fãs que estavam no local. A mutação de Chael Sonnen acontece quando aparece uma câmera ou um microfone. E o visitante americano afável e tranquilo se transforma no vilão do UFC. Quando um fã pede para tirar uma foto, Sonnen tira o sorriso do rosto, faz cara de mau, ergue o braço no gesto tradicional dos lutadores e aguarda o fim dos flashes para voltar a dar risada e agradecer aos admiradores brasileiros. Horas depois, já sem a loira a tiracolo, ele sobe ao palco da entrevista ao lado do presidente do UFC, Dana White. Anderson Silva aparece sozinho, saindo da outra ponta do palco, para evitar trombar com o arquirrival. A partir deste momento, Sonnen já funciona no "modo vilão" - e, durante cerca de trinta minutos, apresenta uma reprise de seu já conhecido repertório. São alfinetadas em Anderson e nos irmãos Nogueira, provocações aos brasileiros, piadas de gosto duvidoso e um recado às mulheres do país."Fiquem à vontade, liguem para mim, façam uma visita", afirma, posando de conquistador viril e promíscuo. A namorada loira, sentada na primeira fila, não consegue segurar o riso.

Este é o show de Chael Sonnen. Considerado um bom lutador - mas nada mais que isso -, o americano conseguiu transformar uma carreira apenas mediana numa atividade bastante lucrativa. Seu cartel no MMA é de 28 vitórias e 11 derrotas. Só no UFC, são cinco resultados negativos - sendo quatro deles contra brasileiros (além de Anderson Silva, Renato Sobral, Paulo Filho e Demian Maia também o derrotaram). Nunca chegou a ser campeão. Em 7 de agosto de 2010, porém, conseguiu a chance de sua vida. Enfrentando um Anderson Silva lesionado (com uma costela trincada) e com um reforço ilegal a empurrá-lo (acabou sendo flagrado no exame antidoping com níveis de testosterona acima do permitido), contrariou as expectativas e encarou o brasileiro de igual para igual. Como era considerado azarão, o desempenho surpreendente acabou produzindo uma lenda: a de que massacrou Anderson e só perdeu por um detalhe. Na verdade, não foi bem assim. Sonnen bateu muito, de fato, mas também apanhou demais, como prova o estado de seu rosto após o fim do combate. Foi finalizado com um triângulo aplicado pelo melhor lutador do planeta. E enxergou nessa derrota mais apertada do que se previa uma oportunidade para virar um astro. Desde então, usa seu maior talento - não os socos, mas a retórica - para aparecer. Talvez nem ele esperasse que a estratégia daria tão certo. Além de ter conquistado uma outra chance de enfrentar Anderson (depois de apenas duas vitórias contra outros lutadores medianos, sendo uma por pontos), ganhou programa de TV e contrato para escrever um livro (intitulado "A Voz da Razão", que sai no mês que vem).

Formado em Sociologia, Chael Sonnen é inegavelmente articulado e bom orador. Tem desenvoltura, certo talento humorístico e até alguns lampejos de inteligência. O problema é que erra na dose ao interpretar o papel de bandido como contraponto ao herói Anderson. O tom das provocações não é sempre dos mais agradáveis. As piadas muitas vezes não têm graça. Sonnen, no entanto, cumpre um trabalho essencial para seu ramo de trabalho. No universo das lutas - no boxe, no MMA ou em qualquer outro tipo de combate esportivo do mundo ocidental -, o vilão é personagem essencial à trama, ao contrário do que acontece nas lutas orientais, guiadas por valores como humildade, respeito ao adversário e até mesmo a misericórdia ao inimigo caído. O campeão absoluto e insuperável nesse quesito foi Muhammad Ali, o gênio das luvas e dos microfones, que fez da provocação e da zombaria aos rivais uma forma de arte. Ali era um talento muito mais autêntico que Sonnen - seus golpes verbais eram naturais, fluíam sem esforço ao longo das entrevistas (e, até por isso, eram muito mais verossímeis). Mas não se pode negar o talento do americano em suas atividades alternativas à presença no octógono - um promotor de lutas, um polemista e um garoto-propaganda às avessas para o UFC, a franquia esportiva que mais cresce no mundo. Aos fãs brasileiros de Anderson, portanto, recomenda-se cabeça fria e bom humor ao ouvir a última de Chael Sonnen . Ao invés de enxergá-lo como um americano arrogante e mal-educado, ele deve ser visto como o que é: um cretino apenas por profissão, que faz seu trabalho para ganhar dinheiro.


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